segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Crônicas da Kombi I - A Saída (ocorrida 04/10/07)


Meu pai em casa significa mais um olho(dois, ele não é caolho!) atento aos meus movimentos. Já não posso me mover com a sutileza de um gato como me é de costume, sem que seja perguntado tanto a razão como o destino de meus passos. Mas vá lá. Pai é pai. E o meu é, sem dúvida nenhuma, o melhor pai do mundo. Resolvemos por bem assistir um filme no cinema. E o filme escolhido foi A Hora do Rush 3.
Meu pai é um ferrenho crítico dos estacionamentos de shopping, e mesmo com o carro na oficina, reclama das altas tarifas e do tempo perdido ao tentar encontrar uma vaga nos finais de semana. Portanto, as crônicas da Kombi (postadas neste blog em ordem anacrônica à ocorrência dos fatos) evoluíram para os Relatos do Táxi, já que estávamos em cima da hora para conseguirmos uma sessão antes das 16h. E por que uma sessão antes das 16h? Bem, porque ainda que não façamos nada após este horário, devemos ter a sensação de que podemos fazer alguma coisa após este horário. Coisa de aquariano(eu). Coisa de pisciano(meu pai). Ah, sei lá, só sei que marcamos de ver a sessão de 14:15, e não passaríamos disso, fosse o que houvesse. Fomos num divertido trajeto até o shopping, como costumam ser nossos passeios de táxi. Um diálogo sempre se estabelece da seguinte forma: A primeira fala é de meu querido pai, seguido pelo taxista.
-O tempo mudou né, mestre?
-É, é verdade. A gente pega essa rua aqui e segue em frente, né?
-É, isso mesmo. Disse o rapaz da meteorologia que vai chover essa semana. (Detalhe: todos os jornais assistidos aqui em casa possuem quadros de meteorologia apresentados exclusivamente por mulheres)
-Ah, mas aqui no Rio é sempre assim: Chove, aí depois faz sol, aquele calor desgraçado e chove de novo. Eu tenho que rodar com o ar-condicionado o dia inteiro.
-É mestre, lá onde eu trabalho também. Esses dias o ar-condicionado quebrou e o pessoal tava quase quebrando o lugar... (gargalhadas)
-Eu tenho que deixar ligado por causa de passageiro. Quando faz calor e esquenta o carro todo então, nossa...
E mais “Nossas” se sucedem, talvez em homenagem à santa com suas fitinhas tradicionalmente presas ao espelho de qualquer táxi carioca. Chegando ao shopping, já estava morrendo de fome, mas decidi não ser o filhinho mimado de 5 anos que quer ir no McDonald's de qualquer jeito. Esperaria passarem-se uma meia hora e então seria o filhinho mimado de 17 anos que quer ir no McDonald's.
Quando voltamos(de táxi), compramos uma pizza. Durante o novo diálogo, soube que César(ave, César!) é dono de uma frota de táxi, que crivaram acidentalmente com 98 tiros um ex-PM envolvido com a máfia das vans e que o Engenhão era motivo de preocupação. Mas que se exploda, eu só queria comer a bendita pizza! Estava indo de volta para casa, mas nunca vi tantos sinais vermelhos como naquele dia. Os piores monstros dentro de mim estavam se agitando feito quimeras loucas em sua própria libido por sangue. Ou melhor, por pizza. Sério, já não agüentava mais aquela história toda. Até que o taxista puxa a seguinte frase:

-Pois é, e na assembléia tentaram moderar os táxis. Deu em quê? Deu em pizza!

Ah sim, pizza. Pizza!

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